Dizem que ele foi um dos maiores jogadores que já passaram por Santa Rita do Sapucaí. De origem humilde, Feitor viveu na cidade no início do século XX e acabou esquecido com o passar dos anos. Neste pequeno relato, fazemos justiça ao lendário jogador santa-ritense:
“Procurei João Feitor para colher pormenores de sua carreira esportiva. Encontrei-o em uma roda de fogueira, fumando tranquilamente o seu cachimbo e contando fatos futebolísticos. Assim falou o grande jogador:
‘Dediquei-me ao futebol desde criancinha. Comecei a jogar com uma bola de pano. Eu era o terror da criançada que já via em mim um futuro centroavante do alviverde. Para que eu tomasse parte do jogo era preciso que do lado oposto houvesse mais adversários. Modéstia à parte, eu desequilibrava qualquer pelada.
Comecei a jogar de verdade na fazenda do Vintém, por incentivo do meu patrão, Horácio Capistrano – zagueiro do Santarritense. Meu treinador era o senhor Orzalino.
A minha estreia foi contra o time de Itajubá, quando eu tive a sorte de marcar o gol da vitória. Desde então, passei a ser considerado o preferido dos santarritenses, o que é para mim uma grande honra. Outros sucessos consolidaram a minha fama.
Muitos dizem que eu estou em declínio, mas eu acho é que agora que estou começando a ficar bom. Com o novo treinador do clube, Alfredo Pinheiro, tenho feito coisas que nem imaginava que poderia realizar. Esperem meus futuros embates e verão que ainda sou digno dos aplausos da torcida. Podem apostar que ainda serei, por muito tempo, o Feitor do grande alviverde.’
(Jornal O Esporte – 5 de julho de 1928)”