Na verdade, não existe segredo. Costumo dizer que existem três pontos que fazem da região um sucesso. O primeiro deles é o conhecimento. O Vale do Silício possui várias excelentes Universidades, entre elas a Stanford University, uma das instituições mais prestigiadas mundialmente e sabemos que a troca de conhecimento deriva grandes ideias. O segundo segredo para o sucesso são as empresas compradoras de tecnologia, que estão de olho nas pequenas pelo potencial de criarem projetos inovadores e se tornarem grandes conglomerados, impulsionando o chamado Corporate Venture.
O terceiro para completar a tríade são os investidores a procura de bons negócios. Muitos deles pessoas físicas que tiveram sucesso nos primeiros empreendimentos na região e de investidores de outros setores e regiões que viram no polo gerador de negócios do Vale do Silício algo a ser explorado, ou seja, a concentração financeira ficou gigante. Sintetizando, o segredo está na área acadêmica que gera conhecimento, o nicho de pessoas dispostas a investir no risco e a experiência de grandes empresas de olho nas startups. O Vale do Silício é um professor disposto a ensinar e o que nos compete é o aprendizado do modus operandi.
O Brasil está próximo de algo semelhante do Vale do Silício tendo em vista o crescimento do número de startups, de espaços inovadores com a proposta de coworking, aceleradoras e do movimento do Corporate Venture, propiciando o desenvolvimento de novos negócios. Exemplos clássicos deste movimento são os estados de Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais – o último com a conhecida Santa Rita do Sapucaí.
Atualmente, grandes empresas tradicionais no Brasil têm buscado novas formas de inovar com o auxílio das startups de equity crowdfunding, que se tornaram fontes alternativas de investimento e uma oportunidade para o crescimento do chamado Corporate Venture. O fenômeno é caracterizado pelo investimento das grandes corporações em negócios nascentes e isolados e que, futuramente, podem ser incorporados aos próprios negócios do grupo empresarial.
O Vale do Silício traz histórias inspiradoras de líderes globais, que sabiam muito bem aproveitar os segredos da região e aplicar aos negócios. O DNA empreendedor não nasce apenas de mentes brilhantes, mas de alunos atentos, que sabem identificar o movimento.
*Allan Pires é CEO da multinacional dinamarquesa Targit para a América Latina.