Em 1884, Santa Rita da Boa Vista possuía duas igrejas. A primeira era a antiga capela da matriz e a segunda, ao lado do antigo mercado, foi erigida em louvor a Nossa Senhora Aparecida. No extinto cemitério, todo cercado de taipas e localizado logo atrás da matriz, havia uma capela de São Miguel.
Naquele ano, um outro templo haveria de substituir a velha matriz e suas bases seriam soterradas sob o novo altar. Para a realização da obra, foram desembolsados 2:600$ dos cofres provinciais.
Em 10 anos, a freguesia cresceu e quarenta e duas residências se espalharam por suas cinco ruas, ou ao redor da praça. A primeira cadeia fora construída nesse período e era ocupada por cerca de quarenta detentos, no pavimento térreo. No segundo andar, havia uma sala de audiências e dois gabinetes para serviços administrativos ou interrogatórios. Os serviços eram realizados por voluntários, cabendo ao Comendador Custódio Ribeiro, ao lado de Francisco Marques Pereira, a manutenção da justiça. Além deles, o Cel. Joaquim Inácio Ribeiro e o Padre Antônio Ribeiro da Luz – eram requisitados tanto para exercer o cargo de promotores, como de administradores da casa.
A educação evoluiu bastante, desde 1874. Na década seguinte, já havia pequenas escolas para instrução de ambos os sexos. Duas eram públicas, uma era particular e havia várias outras salas de aula nas fazendas. Ao todo, cerca de 40 alunos assistiam às suas primeiras lições e se rendiam à palmatória sempre que saíam da linha.
Infelizmente, dos patriarcas retratados no Almanaque Sul Mineiro, na década anterior, muitos haviam falecido. Como as descobertas da medicina ainda estavam distantes de nossos primitivos conterrâneos, poucos eram os recursos disponíveis para que suas vidas fossem prolongadas. Um deles, Roque Fernandes Ribas, faleceu em Águas Virtuosas, um ano depois da primeira reportagem. Para que seu corpo fosse sepultado em Santa Rita, teve que ser trasladado por cerca de 12 léguas, no lombo de uma mula.
Se olhássemos para a Santa Rita da Boa Vista de 1884, notaríamos que quase todo o terreno era coberto de matas. Árvores com madeiras de lei podiam ser vistas em toda a sua extensão e eram vendidas a 300 Réis o palmo. Madeiras brancas, custavam a metade do preço. Tábuas de pinho eram bem acessíveis, não passando de 10$. As de cedro, por sua vez, chegavam a 30$.
Em 1884, o fumo ainda era a cultura preferida dos santa-ritenses, embora o café começasse a dar sinais de prosperidade, somando cerca de 500 mil pés. Apesar da economia não ser tão variada, alguns colonos cultivavam a cana, enquanto outros preferiam criar porcos ou engordar gado de corte, vendidos em outras localidades.
Mesmo tão longe de tudo, a freguesia chegava a importar mais de 100:000$ por ano. Para isso, era utilizado o transporte de cargas da corte, na estação Cachoeira, distante 10 léguas do povoado. Cada arroba transportada custava 1$ do negociante.
A maior parte da produção local era consumida na própria cidade, mas alguns insumos vinham de fora. Os produtos mais consumidos eram o porco (1$500 e 2$), carneiro (1$500 e 2$), frango (160 e 200 Réis), ovos (120$ a dúzia), leite (40 a 80 Réis a garrafa) e cal (vinha de Lavras e custava 3$ o alqueire).
Dentre os produtos produzidos por aqui, um dos mais procurados era o vinho. Inúmeras garrafas eram comercia-lizadas na região, durante o ano, muitas delas após vencer uma velha ponte que chegava a faturar até 1:000$000 por ano com suas travessias.
Como toda freguesia que se preze precisa ter um boa vizinhança, nossos vizinhos de São Sebastião da Bela Vista moravam a apenas duas léguas daqui. O bairro, composto de 40 casas, pertencia à freguesia de Pouso Alegre que havia criado no local um distrito de paz, em dezembro de 1874. Ainda mais perto, o povoado de Pouso D’Anta, era composto de 30 residências e ficava a apenas ½ légua o que, naquela época, podia ser considerado uma verdadeira “lonjura”.