Em Santa Rita, cidade onde nasci, acontece durante o carnaval, o tradicional desfile dos blocos: Ride e Democráticos.
Desde pequena, sempre gostei de ver aqueles carros enfeitados, as pessoas com suas roupas coloridas, cheias de brilho, com grandes chapéus com plumas, dançando e cantando felizes.
No ano de 2007, desfilei pela primeira vez no Ride Palhaço e fui destaque no carro infantil. No início, chorei bastante para colocar a roupa e o chapéu, porque pesava muito. Passado um tempo, fui me acostumando com aquela parafernália.
Ao ver a altura do carro onde ficaria, comecei a chorar novamente, porque estava com medo de cair. Assim, acabei trocando de lugar e ficando em uma posição mais baixa. Ao final da apresentação, a alegria tomou conta de todos.
No ano de 2009, desfilei novamente no Ride Palhaço e fui princesa no carro da rainha. Desta vez, fiquei estressada com o chapéu, que era maior e pesado. Quando o carro começou a andar, esqueci a dor e entrei na farra.
Naquele ano, voltei a ficar animada porque haveria o desfile e, no final do ano, fui tirar as medidas para fazer a roupa. Assim que cheguei a Santa Rita, fui convidada pelo figurinista do bloco, para ser porta-estandarte. No início, não gostei da ideia, pois eu teria que desfilar no chão e não no carro. Minha tia me convenceu, já que esta posição tem bastante destaque. Minha prima, ao saber que não ficaríamos juntas, no mesmo carro, desistiu de desfilar.
No dia do desfile, estava animadíssima. Na hora combinada, fui me arrumar, fazer a maquiagem, colocar o chapéu e a roupa. Quando fiquei pronta, fui para a avenida, que já estava cheia e os carros alegóricos posicionados. Muitas pessoas pediram para tirar fotos comigo, porque a minha fantasia estava linda. Um dos organizadores passou indicando os nossos lugares e falou que o desfile iria começar.
Tudo corria muito bem, até que um acidente comprometeu um dos carros. Pegou fogo. Todos ficaram apavorados, começamos a correr na direção oposta, eu deixei meu estandarte cair, baguncei toda a roupa e chorei querendo saber o que tinha acontecido.
Para aumentar o desespero de todos, o incêndio teve início em frente a um posto de gasolina e embaixo da fiação elétrica. Fui para perto de um prédio e uma moradora trouxe uma garrafa com água para me acalmar. Só fiquei tranquila, quando soube que ninguém havia se machucado.
Como minha família estava na arquibancada, todos ficaram preocupados, pois não sabiam qual era o carro que havia sido incendiado.
Naquela confusão, meu tio, Marquinho, começou a me procurar, para saber se não tinha me acontecido nada e se eu não havia me perdido da minha mãe.
Ele estava apavorado com todo aquele tumulto. Mas, quando me viu, ficou aliviado, porque ninguém havia ficado ferido.
Depois de apagarem o fogo, tirarem o carro da avenida e acalmarem a todos, foi hora de arrumar tudo. Veio de novo aquele frio na barriga, mas o povo começou a cantar alegremente, pular com ansiedade e pedir o reinício da festa.
Após o susto, percebi que tudo o que havia ocorrido só aumentou a emoção. O bloco saiu e o desfile recomeçou, com todo aquele pessoal alegre. Eu não tinha como não sorrir. Ao passar sobre as cinzas do carro, me veio aquela vontade de chorar, mas eu segurei as lágrimas e entendi que o que valia a pena era a farra e alegria.
Logo que vi a minha família e os amigos, demonstrei a minha alegria para eles, mesmo com o cansaço. Eu pulei, levantei o estandarte e o balancei no ritmo da música. No final do desfile, recebi muitos elogios. Todos os meus amigos disseram que fui muito bem.
Já vivi muitas experiências de carnaval e, por isso, penso em desfilar novamente. Só vejo mais motivos para ter outros carnavais pela frente. E também muitas histórias para contar…