Em 2016, o deslocamento de um grande público vindo da capital paulista, o investimento em atrações de peso e infraestrutura, além da projeção do evento Brasil afora, colocou novamente o carnaval de Santa Rita do Sapucaí no centro das atenções. O responsável por este feito foi o Bloco do Urso que, além de ter sido pauta em uma reportagem de 20 minutos no programa Pânico na Band, foi capaz de ganhar espaço no momento mais aguardado pela televisão brasileira, em reportagens que aconteciam o tempo inteiro, direto da Cidade do Urso. Nunca se viu tantos foliões nos anos anteriores, como no evento do último mês. Era turista que não acabava mais e, caso São Pedro desse as caras, como aconteceu no ano passado, seria difícil colocar tanta gente debaixo das tendas. O destaque foi uma menina minúscula que pousou em Santa Rita com uma camiseta enorme e tênis esportivos que mais parecia uma das tantas turistas que passaram por aqui naqueles dias. Muito aguardada, Anitta ganhou o público quando subiu ao palco metida numa fantasia colada ao corpo e teve todas as atenções voltadas ao palco com suas músicas e coreografias pouco ortodoxas. Interessante o posicionamento desta artista, em relação aos demais de seu gênero. A menina parece se enquadrar mais como uma artista pop internacional, do que as cantoras que paream com ela, no cenário musical brasileiro. Outra atração que chamou a atenção foi a cantora baiana Cláudia Rouanet Leitte que botou o foliões pra dançar com um repertório eclético e muito animado. Dos camarotes, foi possível ver que, do lado de fora, uma multidão se acotovelava para ver o show, através de uma inclinação próxima aos muros que davam acesso ao recinto.
A cena que mais chamou a atenção nesta edição, pelo menos nas redes sociais, foi a de um rapaz que, de tão “animado”, mas tão “animado”, achou que poderia caminhar sobre as águas e enfiou-se onde milhares de foliões se aliviavam. Quem viu o hominho, com urina até a canela, deixou de entoar os famosos hinos que embalam o momento de tirar a água do joelho para desacreditar na falta de juízo do folião. A molecada estava animada. No vai e vem de pessoas que se espalhavam pelo longo balcão onde eram servidas cervejas para todos os gostos, uma menina tirou o boné de um segurança magrinho, com cerca de um metro e sessenta de altura. Ao tentar recuperá-lo, foi beijado pela foliã que envergava uma fantasia que, até agora, ninguém descobriu do que era. Este talvez tenha sido o momento mais agitado na noite do rapaz. Não vimos, em hora alguma, uma única discussão ou briga que pudesse tirar a paz daquelas pessoas. Como sempre, havia muita cerveja gelada, boas opções de alimentação e uma inovação nos camarotes: um palco exclusivo com bandas que executavam músicas de carnaval, sertanejo e outras modas. Pela internet, centenas de imagens de famílias que vestiam um abadá laranja, bem diferente do usado na Cidade do Urso, começaram a ganhar espaço nas timelines. Tratava-se da versão infantil do Bloco do Urso que, através de um reportório selecionado pela talentosa Ediana Maskaro, botou pais e filhos na folia.
Se os tempos de crise não são capazes de desanimar o brasileiro no carnaval, vimos que, neste ano, o evento acontecido em Santa Rita do Sapucaí foi a opção preferida para aqueles que tinham a intenção de se divertir em Minas Gerais. Estabelecimentos comerciais estavam abarrotados, hotéis da região lotaram, taxistas faziam corridas até para cidades distantes e restaurantes, bares, prestadores de serviços e comerciantes informais aproveitaram os bons ventos para fazer um pé de meia, logo no início do ano. Como é de praxe, há sempre aqueles que reclamam por reclamar. A maioria, entretanto, parece reconhecer a importância do Bloco do Urso para a economia local e procura auxiliar os turistas, sempre que veem oportunidade. Voltando à cidade do Urso, notamos a presença de figuras relevantes no município que deixavam suas responsabilidades do lado de fora, para brincar um pouco e esquecer as preocupações. Enquanto o público se confraternizava em um ambiente agradável e muito organizado, um DJ misturava-se a chuvas de papel e fumaça e transformava a área VIP em uma verdadeira pista de dança. O evento contou com muitos nomes em evidência no cenário musical brasileiro que também souberam aproveitar o carnaval para fazer shows nos principais centros do país. São Paulo, Rio Janeiro, Santa Rita do Sapucaí… onde houvesse uma grande metrópole, lá estavam os mesmos artistas aproveitando o momento para fechar contratos parrudos, independentemente de seus gêneros musicais.
Ao que parece, os organizadores do Bloco do Urso já estão tão habituados a promover a festa, que tudo sai sempre como planejaram. Com uma infraestrutura que não necessita ser desmontada na quarta-feira de cinzas, o grupo tem criado inovações bacanas a cada ano com a excelência que fez de Santa Rita do Sapucaí, um dos carnavais mais comentados do Brasil. O que vem em seguida? O trabalho já começou para o ano que vem, mas ainda não temos notícias do que veremos pela frente. Atrações internacionais? Com o dólar do jeito que está, ninguém ousaria apostar nisso. Uma nova edição do bem-sucedido Bloco do Urso Kids? Possivelmente. A nós, cabe esperar por mais uma temporada de espetáculos e torcer pelas novidades que sempre acontecem. Vida longa ao Urso!
(Carlos Romero Carneiro)