Xinupa relembra trajetória musical

Como teve início a sua paixão pelo canto e pela música?

Desde novinho eu gosto de cantar. Eu lembro que, com seis anos de idade, ia ter uma formatura do pré-escolar no Sanico Teles, que era onde eu estudava, e perguntaram quem gostaria de cantar uma música que fazia muito sucesso na voz de Jairzinho e Simony. Quando passaram pela minha sala, perguntaram quem gostaria de formar dupla com a Flavinha (filha do Jairo do bar) e eu topei cantar com ela! Aquela foi a primeira vez que eu me apresentei. Daquele dia em diante, em tudo que era show de calouros na cidade eu participava! Lembro que, em 1987, eu participei de show de calouros cantando “Fio de Cabelo”, do Chitãozinho e Xororó. Até hoje ainda guardo alguns troféus daqueles eventos!

E você continuou participando dos eventos que apareciam?

Continuei sim! Quando estava com doze para treze anos, eu tocava na fanfarra do Décio Saretti, que era nosso professor de Educação Física, e ele sempre fazia uma festa de final de ano, que era a Festa da Educação Física! Na época, faziam muito sucesso “Claudinho e Bochecha”, “Mc Marcinho” e eu comecei a cantar nesta festa dele! O que aconteceu foi que todo ano eles queriam que eu cantasse novamente e, um dia, o Robson, que era DJ dos bailes da Sede do Country Clube, viu a apresentação e me pediu para abrir o show de uma banda de Mogi Mirim que viria à cidade. Era uma banda de pagode e eu me apresentaria no mesmo estilo! Nós, então, começamos a ensaiar para o show que aconteceria no dia 26 de abril de 1996. O que era para ser uma apresentação de apenas um dia acabou atraindo muita gente! Cabiam oitocentas pessoas na Sede e deu mil e duzentas! Daquele dia em diante, passamos a ser convidados para várias festas!

E qual era a formação original do grupo?

Éramos eu, o Edson Baixinho (que hoje é professor de Educação Física e trabalha na Academia TopLife de Pouso Alegre), Juninho Negão (filho da Dona Nega do Restaurante), o Alexandre Tatu (que hoje é Alexandre Magalhães, diretor da FAI), o Aender (que hoje também é professor de Educação Física e trabalha com jogadores profissionais), o Elmo (que trabalha como segurança de um banco em São Paulo), o Evaldo (que é primo do Roque Júnior e que depois foi substituído pelo Dodô), o João Marcelo (também conhecido como Negão do Cavaco e que hoje toca contrabaixo na igreja comigo), o Toninho da eletrônica (que hoje trabalha em firma) e o Clebinho (que morava na Rua 13 e hoje mora em Varginha, trabalhando em uma firma de Ar Condicionado)… eram todos muito conhecidos, o que acabou atraindo muita gente!

De onde surgiu o nome Xinupa Samba?

O nome Xinupa é uma variação de um antigo apelido que eu tinha, que era Snoopy. Assim como aconteceu com o Pelé, que tinha o apelido de Pilé, que acabou variando para Pelé, o meu era Snoopy, variando para Snoopinho, Xinupinho e que terminou em Xinupa! Como eu era o vocalista na época, o pessoal achou que deveria levar meu nome e ficou!

E onde foram tocar?

Nós começamos a tocar aqui, em Pouso Alegre, Poços de Caldas, Itajubá, Piranguinho, Bela Vista, Varginha, São João da Mata, São João Del Rey e o negócio foi profissionalizando! Quem foi aperfeiçoando, musicalmente, foi ficando… quem não foi, acabou saindo!

Quando começaram, alguém já era músico?

Somente parentesco com músicos! Do pessoal daquela primeira formação, o Clebinho tinha um avô que era músico (o saudoso Grillo, da Lira Santa Rita); o baixista, João Marcelo, era filho e irmão de músicos; e eu tinha um tio, o Tião Patta, que havia participado de um programa na Rádio Tupi.

Teve algum momento em que acreditaram que iriam ganhar o Brasil?

Pior que teve! E é legal de lembrar! Em 1997 teve um show do Exaltasamba em Santa Rita e nós tocamos depois deles, na Barraca do Inatel. Naquele momento, recebemos muitos comentários positivos e pensaram em investir na gente! Até hoje eu guardo várias composições daquela fase que nós chegamos a pensar em gravar, mas que não foi possível por limitações da própria época. Era um momento em que não havia os recursos que nós temos hoje. Era preciso gravar um CD, ir à Praça da Sé ou a Campinas, torcer para a música entrar em uma rádio e fazer sucesso. Bem diferente do momento atual em que um vídeo no Youtube pode ser o suficiente! Mas todos nós, no entanto, sonhávamos em fazer sucesso com aquele grupo!

O auge do Xinupa Samba foi este show com o Exaltasamba?

Nós tivemos vários momentos como aquele! Abrimos o show do Araketu, por exemplo, e de várias outras bandas. Chegou um momento em que eu recebia presentes, tirava fotografias e até dava autógrafos. Foi um tempo muito bom para nós e que durou, praticamente, oito anos!

Vocês viveram algum episódio curioso?

Teve um episódio engraçado. Quando o Reginaldo apresentou o Xinupa Samba, o pessoal do grupo tinha tomado um golinho antes do show e caiu todo mundo na escada! Outro fato que demos muita risada foi quando tocamos em São Lourenço. A maioria de nós nunca tinha ouvido falar de sauna e teve até um integrante do grupo que entrou de calça!

Quanto tempo durou o grupo?

O grupo teve fim por discussões entre os componentes, depois de oito anos de atividade. Fui, em seguida, convidado para participar de um grupo chamado “Moleque Atrevido”, junto com alguns componentes do “Xinupa Samba”. Este grupo durou de 2003 a 2006.

Você ainda lida com música, hoje em dia?

Eu digo que tudo surgiu com o Xinupa Samba, sou muito grato e percebi que precisava ter passado por tudo aquilo para fazer o que eu faço. Hoje canto todas as semanas. Na terça, temos o Culto de Ensino e, às vezes, o Pastor me pede para cantar o hino. Na quinta, acontece o Culto da Vitória, de testemunho e louvor. Quando eu vou, também canto! No domingo, acontece o “Culto da Família” e eu faço parte de um grupo específico que canta! Todo primeiro sábado do mês, há a Santa Ceia, na Assembleia de Deus, onde lembramos a morte e promessa de retorno de Jesus. Eu também canto nesta ocasião. Acabou que, depois de todos estes anos, fui também aprendendo a tocar um pouco de Saxofone na Igreja, aprendi um pouco de violão e estou muito realizado com tudo isso!

Qual é a sua profissão?

Eu dou aulas de Educação Física pela manhã, trabalho na Academia Extreme no período da tarde e exercito a música, minha grande paixão, nos cultos em que participo!

Estive há algum tempo na Assembleia de Deus e pude notar que vocês têm um dos melhores grupos da cidade!

Nós o chamamos de Orquestra Manancial! E foi uma das coisas que mais me impressionaram quando estive lá pela primeira vez! Quem me convidou para ir até lá, na época, foi o Pastor Flávio. Em 2006 eu estava treinando em uma academia, ele perguntou se eu ainda estava cantando e me convidou para conhecer a igreja! Eu comecei a ouvir as lições do pastor, passei a conhecer este lado musical da igreja e estou lá até hoje! Nós ensaiamos todos os domingos. Estou lá há, 15 anos, e ensaiei semanalmente, neste tempo todo. O mais velho da Orquestra Manancial tem por volta de 60 anos, mas toca na igreja desde que fez aula de música, na própria igreja, quando ainda era criança!

Vocês têm projeto de retornar qualquer dia com o Xinupa Samba?

Eu não consigo enxergar isso porque estão todos espalhados, com suas famílias, trabalhando em outras cidades! Hoje eu sou casado, tenho uma filha chamada Inara e minha esposa está grávida da segunda criança. Então, acaba ficando difícil retornar. O que está amadurecendo a ideia, neste momento, é de nos reencontrarmos, matar saudades e ver como estão todos! Temos contato através do WhatsApp, conversamos muito, mas estamos pensando em um reencontro no futuro!

O que passa por sua cabeça quando lembra dos tempos de Xinupa Samba?

Fico muito feliz por ter feito parte de um grupo de que as pessoas relembram até os dias de hoje! Até hoje as pessoas me param pra dizer que lembram do nosso primeiro show na sede, que estiveram no evento de um ano do grupo na Columbia e outros episódios. Na semana passada, eu postei uma foto dos tempos do Xinupa Samba e recebi muitos comentários interessantes! Uma professora que trabalha comigo, por exemplo, comentou que era fã nossa e eu nem tinha noção disso! Também recebi um comentário do Rinaldo Brandão, dizendo: “Ganhei muito dinheiro com vocês nos tempos de Danceteria Columbia!” Então, são coisas que me marcaram muito e que me trazem muita saudade!

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